


Coberturas jornalísticas mostraram que “príncipe encantado” existe, sim
Laís Rocha
Estudante de Jornalismo
Não basta o jornalismo mostrar somente tragédias e corrupção, tem de haver espaço para o entretenimento, visando o interesse do público e sendo essencial para a prática jornalística dentro do conteúdo proposto. O casamento do príncipe Harry e da americana Meghan Markle foi a sensação de canais televisivos, como Globo e Record, sites e jornais como G1, BBC e Folha de S. Paulo, que mostravam em primeira mão a nova família real. Não foram somente coberturas jornalísticas que as TVs Globo e Record mostraram, e sim o “casamento com o príncipe encantado”, dedicando as “lindas” reportagens à suposta ideia do amor perfeito.
O Jornal Nacional apresentado pelos jornalistas Heraldo Pereira e Ana Luiza Guimarães, exibiu no sábado, dia 19 de maio, momentos “emocionantes” da cerimônia real. A reportagem feita por Pedro Vedova, diretamente da Inglaterra, mostrou que é possível fazer do jornalismo um grande espetáculo, onde tudo dito resume-se em paz, amor eterno e final feliz. Se para muitos, há duvidas de que príncipe encantado existe e casamento perfeito também, a Globo soube mostrar da melhor maneira que, sim, existe. Se de um lado coberturas jornalísticas mostram o espetáculo real de uma vida perfeita e feliz, de outro há quem discorde.
A atriz Maria Ribeiro (GNT) emitiu opinião contrária em uma rede social e foi atacada quando disse que a ideia de casamento real entre príncipe e princesa iria “acabar com a cabeça de várias garotas”, referindo-se à frustração que teve, ainda quando menina, ao acompanhar o casamento do príncipe Charles com a princesa Diana, desfeito décadas depois em meio a traição e escândalo. Maria Ribeiro disse no fim do vídeo: “Eles [Harry e Meghan] não vão ser felizes”.
Existem limites na hora de transformar grandes notícias em espetáculo
A cobertura jornalística do casamento real fica dentro de uma adoção estratégica, em que a construção da linguagem, aplica-se em formatos de práticas espetaculosas, com a ideia do amor perfeito que supera qualquer barreira.
O jornalismo é um instrumento de divulgação de notícias e é válido destacar que existem limites na hora de transformar grandes notícias em espetáculo. Criar uma linguagem que não influencie no modo de agir e pensar das pessoas é a melhor forma de não criar divisões na sociedade.
Jornal Matéria Prima é produzido por alunos do curso de Jornalismo do Centro Universitário Cesumar - UniCesumar - na disciplina Técnica de Reportagem.