


Parceria do Facebook com agências de checagem de notícias causa alarde
Adevanir Rezende
Estudante de Jornalismo
Uma parceria entre o Facebook e as agências de checagem de notícias Aos Fatos e Lupa, divulgada no dia 10 de maio, em poucos dias já foi capaz de provocar reações indigestas de alguns grupos que se apoiam em conteúdo de autenticidade, no mínimo, duvidosa. São pessoas e páginas que usam a rede social como propaganda e viralização baseadas em má fé coletiva, além de contínuos atos de violência e assédio, como evidenciado por nota da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), do dia 16 de maio, que repudia ataques que jornalistas e colaboradores estão sofrendo em diferentes plataformas.
O programa já está disponível em mais países e selecionou os parceiros membros da Internation Fact-Checking Network (IFCN). “[A parceria] é mais um passo para combater a desinformação”, disse Cláudia Gurfinkel, líder de parcerias com veículos de mídia do Facebook para a América Latina, em comunicado.
De forma concreta, a parceria dá acesso às agências parceiras para analisar conteúdo que tenha sido denunciado por usuários da rede social. Quando classificados como falsos, os conteúdos terão alcance reduzido e poderá acontecer associação da matéria de checagem à postagem, além de proibição do impulsionamento pago. Não há, de forma alguma, independência das agências para excluir qualquer conteúdo, sendo que tal resultado pode acontecer apenas caso sejam feitas denúncias contra às políticas internas do Facebook.
No combate do Facebook às fake news, o feitiço virou contra o feiticeiro
Desde o dia do anúncio, a página do Movimento (ou milícia) Brasil Livre (MBL) na rede social está divulgando uma carta em que acusa o Facebook de “censura” e “perseguição política contra páginas e perfis de influenciadores de direita”. Segundo o grupo, a ação “põe em risco todo o combate à corrupção no Brasil”. Esse é o mesmo grupo que, por várias vezes, usa de compartilhamento de conteúdo direcionado e, muitas vezes, falso, para influenciar seguidores. Após a violenta execução da vereadora Marielle Franco, em 14 março, divulgaram supostas ligações dela ao crime que passam longe de qualquer atestado de veracidade.
Rodrigo Constantino, outro baluarte do pensamento reacionário do Brasil, onde qualquer um julga ser competente para debates amplos mesmo presos em bolhas ideológicas, também repreende a parceria ao questionar a credibilidade das agências que, para ele, “não é muito boa”. Talvez o blogueiro do jornal digital pioneiro do Paraná (e retrógrado de visão de mundo) dependa demais de certas “liberdades poéticas” para tentar, quiçá, atingir seu bilhão de alcance.
O que pode ser constatado, mesmo em tão pouco tempo do anúncio e das ações mais pesadas do Facebook contra às fake news, é que o feitiço virou contra o feiticeiro. Aqueles entusiastas da liberdade da empresa privada tomar decisões agora questionam uma quando veem interesses atingidos e, proclamadores do “quem não deve, não teme”, bem, agora temem. Aos usuários, é necessário denunciar o mau-caratismo e a ignorância. Para a rede social, a resposta deve ser uma ação qualificada e transparente, sem inimigo de viés político e sim confrontando a ignorância e a violência de um Brasil melhor, sem nada para t(T)emer.
Reprodução: Adevanir Rezende
Em certos momentos, as palavras e a poesia são ato de resistência; para informar, inspirar e compartilhar
Jornal Matéria Prima é produzido por alunos do curso de Jornalismo do Centro Universitário Cesumar - UniCesumar - na disciplina Técnica de Reportagem.