


O dia que aceitei ser Papai Noel e vi a vida com outros olhos
Ryan Savelli
Estudante de Jornalismo
Pois é, caro leitor. Estamos nos aproximando das festividades de fim de ano, período de reencontro e também de despedidas, tudo depende da situação. Mas vamos pensar pelo lado bom, festas, rever os familiares, presentes, viagens enfim. Certo dia, me convidaram para ser Papai Noel em uma festa de Natal de uma comunidade carente de Campo Mourão. Eu jamais havia pensado em um dia fazer um trabalho como esse. Faço parte de um movimento jovem, o Leo Clube, que junto ao Lions Clube, presta serviços voluntários a comunidade. Aceitei de coração aberto o convite, sem saber que naquele dia algo iria mudar completamente a minha vida e o meu modo de vê-la.
Era tarde de uma sexta-feira e o encontro estava marcado na quadra de esportes da Escola Castro Alves. Meu coração parecia que ia sair pela boca, de tanta ansiedade, não de entrar logo, e sim de tirar logo aquela roupa, quente, sufocante. O relógio marcava 15h 30, era hora do Papai Noel entrar em ação.
Assim que vi aquelas centenas de crianças vindo em minha direção, fechei os olhos e pedi a Deus sabedoria, para que eu pudesse desempenhar aquilo que me foi confiado da melhor forma possível.
Para mim, era tudo novo, eu nunca me imaginei fazendo uma coisa dessa na vida.
Pois bem, o Papai Noel chegou e distribuiu doces e presentes para todas as crianças que lá estavam, um por um. Claro, foi uma tarde bastante cansativa, mas uma criança, de apenas 4 anos, chamou a minha atenção e mudou completamente o rumo da minha vida.
Vi de longe aquela criança correndo em minha direção, com um sorriso enorme. Toda suja de areia, pois estava brincando com os amiguinhos no parquinho. Logo me preparei, peguei um brinquedo para ele e várias balas. Assim que o menino chegou, perguntei seu nome, e ele me respondeu “Bruno” e com um forte abraço me disse “ Eu te amo Papai Noel, que bom que você veio! ”. Achei aquilo tão fofo, tão carinhoso.
Logo que entreguei os mimos a ele, ele agradeceu, sorriu novamente e falou “ O senhor não esqueceu de mim, então já posso fazer meu pedido de Natal para o ano que vem? ” Lógico que a primeira coisa que me veio à cabeça naquele momento foi : “que audácia do garotinho né, já querendo garantir o presente do ano que vem”. Mas como o bom velhinho tem que ser fofo e educado também, falei “Sim, pode fazer. ” Bruno, aquele pedacinho de gente, veio até o meu ouvido contar que a mamãe estava grávida de novo e na casa eles precisavam de comida. Nunca vou esquecer essa frase, “vamos combinar, em vez de carrinho, traz arroz e feijão que tá bom. ” Foi desse jeito que ele me pediu, ou melhor, pediu ao Papai Noel.
Eu te amo Papai Noel, que bom que você veio!
Ali parei para repensar minha vida, minhas regalias, mordomias, gastos excessivos
com coisas supérfluas e me coloquei no lugar daquele menino, que abre mão de ser criança, de brincar, de ganhar presentes de criança, em troca de ter alguma coisa para ele e sua família poderem comer.
Quatro anos já se passaram e depois disso todos os anos faço o mesmo trabalho voluntário, pois entendi ali o verdadeiro sentido da vida.
Ah, já ia me esquecendo, o Bruno acabou de completar 8 anos. Ele nem desconfia que sou eu o Papai Noel que vai na casa dele todos esses anos. A família me convidou para ser padrinho de formatura dele da educação infantil. Eu prontamente aceitei. O dia está chegando e a dúvida continua, vou normal ou de Papai Noel?
FELIZ NATAL E UM ÓTIMO 2018!!!
Até Breve!
Jornal Matéria Prima é produzido por alunos do curso de Jornalismo do Centro Universitário Cesumar - UniCesumar - na disciplina Técnica de Reportagem.