


Produtor e feirante, ele diz que sem agrotóxicos o paladar fica mais intenso
Edição Especial
Projeto Integrador 2017
Paulistano, mudou-se para Maringá no ano de 1985. Durante a sua vida morou em sítio, trabalhou em cafezais, cuidou de lavouras, enfrentou geadas e pragas nas plantações. Pai de cinco filhos, hoje tem os cabelos brancos e a vista já prejudicados. Esse é Tomio Mizuta, 82, feirante há mais de 20 anos, muitos dos quais dedicados à Feira do Produtor.
Tomio Mizuta começou na feira vendendo verduras e frutas, entre as quais a lichia. A frutinha vermelha, de formato arredondado, casca rugosa e gosto adocicado, é a grande paixão dele. Talvez a origem oriental da fruta seja o grande motivo de todo esse interesse.
Em 2002 , o aumento da demanda por produtos orgânicos fez com que a Feira do Produtor de Maringá reunisse um grupo de produtores de orgânicos. Mizuta entrou como sócio e aderiu ao plantio. “É melhor vender produtos orgânicos, porque o freguês compra frutas mais saudáveis e não ingere veneno”, afirma.
O freguês compra frutas mais saudáveis e não ingere veneno
Com a pele das mãos enrugadas, marcadas pelo trabalho no campo, o sorriso no rosto não esconde a alegria de ser feirante. Se tem alguém apaixonado pelo trabalho, esse alguém sem dúvida, e o senhor Mizuta. Ele conta que passou por uma cirurgia no joelho e também teve catarata, mas nenhuma delas o impediu de trabalhar. A única queixa é ter que levantar às 4 horas para ir à feira.
A propriedade rural da família fica em Iguatemi, distante 16 km de Maringá. É onde ele produz frutas exóticas, difíceis de serem encontradas, como jamelão, araçá, ginseng e hambustan, todas exclusivas da banca de Tomio Mizuta. “A raiz do giseng coreano serve para colocar na pinga, fica igual whisky mas tem que tomar bem pouquinho”, alerta.
A simplicidade e a voz tímida do feirante são reveladoras. Responde somente o que lhe é perguntado, parece desconfiado e demonstra não gostar muito de contar os detalhes. Para quase todas as perguntas da reportagem, as respostas eram “sim” ou “não”. Porém, é possível perceber que o sabor dos produtos orgânicos trouxe novo sentido à vida de Tomio Mizuta.
“As pessoas já sabem qual banca é orgânica, todo mundo sabe que o veneno faz mal. A berinjela, por exemplo, às vezes tem bichinho, mas é so tirar e aproveitar. É bom ter bichinho, sinal que não tem agrotóxico,” brinca ele, em meios aos risos que se permitiu dar durante a entrevista.
A propriedade rural de Tomio Mizuta tem um pouco de tudo
(Imagem/ Gabriela Medrano)
Produzido pelos estudantes Gabriela Medrano e Láiza Maciel, na disciplina de Narrativas Jornalísticas
Jornal Matéria Prima é produzido por alunos do curso de Jornalismo do Centro Universitário Cesumar - UniCesumar - na disciplina Técnica de Reportagem.