


Infecção ataca a população e desenvolve sintomas não identificados
Marieli Rossi
Estudante de Jornalismo
Extra, extra: “jeitinho brasileiro virou epidemia”.
Sou brasileira, 19 anos, classe média, estudo em uma instituição de ensino particular, sou extremamente ignorante e fui contaminada pelo jeitinho brasileiro.
Sempre fui ensinada a ser honesta, a “andar na linha”, ser uma pessoa do bem. Mas a epidemia chegou até mim, e o pior, eu não quero me curar.
Fique tranquilo. O povo brasileiro não é o único infectado.
O jeitinho brasileiro muda a vida de muita gente. Gente como eu, que é ignorante. Gente como você, que não reconhece a ignorância. Mas eu até entendo que você deve estar confuso. Afinal, o que é o jeitinho brasileiro?
Sabe aquele momento que você percebe que o troco do mercadinho veio a mais? Ou aquela Sky gato que você usa pra não pagar mensalmente um pacote? Também tem aquele famoso ditado “achado não é roubado” Então, meu caro, se você faz ou fez alguma dessas coisas, eu lamento dizer, mas você está contaminado.
A sensação que essa epidemia traz é ótima, mas cuidado com os sintomas. A ignorância é o primeiro que aparece. Você vai sair do mercadinho e vai contar o troco. Vai ver que veio a mais, vai ficar feliz e nem vai passar pela sua cabeça devolver. Não vai pensar nas consequências que o vendedor vai ter. Você não vai pensar em nada. Mas aí vem o pior. Você vai chegar em casa, vai sentar pra conversar com alguém, vai ligar a TV, ver que o jornal está falando de política e é aí que o primeiro sintoma ataca. “Esses políticos são todos corruptos. O Brasil não vai pra frente desse jeito. Eles só sabem roubar…”
Essa epidemia só aumenta e os brasileiros adoram. Existe cura, mas não existe vontade de se curar. É óbvio que existem exceções, porém eu não sou uma delas. Acredito que você, caro leitor, também não seja. Mesmo que você tenha devolvido o troco no mercado ou não use Sky gato, ainda assim, você deve ter sido contaminado.
O jeitinho brasileiro está no político, no vendedor do mercadinho, no médico, no atleta, na faxineira, no padre, nos jornais, na televisão, no morador de rua, e com certeza, está em você também.
Mas fique tranquilo. O povo brasileiro não é o único infectado.
Jornal Matéria Prima é produzido por alunos do curso de Jornalismo do Centro Universitário Cesumar - UniCesumar - na disciplina Técnica de Reportagem.