


Rose MacFergus, de Paranavaí, diz que desenhos representam cultura celta
Gabriel Trevisan
Estudante de Jornalismo
Rose MacFergus tem uma série de 52 rosas tatuadas pelo corpo
(Imagem/Arquivo pessoal Rose MacFergus)
Você já pensou em fazer uma tatuagem? Seria grande ou pequena? Seria uma frase, um personagem ou um objeto? Você mesmo tatuaria ou pagaria a alguém? Esta última pergunta pode ser um pouco estranha, mas quem conhece a história da Rose Annie MacFergus, 48, talvez veja o questionamento acima de maneira diferente.
Rose é tatuadora e mulher transsexual. Moradora do centro de Paranavaí, distante 76,5 km de Maringá, tem quase 70% do corpo coberto por tatuagens. Desse total, apenas cinco figuras foram aplicadas por outros tatuadores, uma delas, inclusive, tatuada pela própria filha de Rose.
A primeira tatuagem foi um gato, desenhado com agulha de costura
MacFergus diz que a tatuagem é uma forma de reafirmar a própria cultura e identidade. “O paganismo foi por muito tempo perseguido e demonizado. Desde a minha infância eu sempre quis fazer o contrário. Sempre quis dizer que sou uma pessoa pagã e que defendo a minha cultura [celta], minha crença.”
Nas tatuagens que faz, Rose mostra um pouco da relação do homem com a natureza, do xamanismo e da beleza filosófica que tem a cultura celta. Ela fez a primeira tatuagem aos 13 anos de idade. Com uma agulha de costura envolta em linha, tatuou no antebraço a figura de um gato. Rose conta que fez o desenho para ver se tinha jeito para a tatuagem, e que levou cerca de quatro horas para termina-lo.
Exceto pela paixão por animais, MacFergus diz que a escolha pelo gato teve grande influência do misticismo que envolve esse animal, em especial para a cultura dela.
Outro trabalho de auto tatuagem de Rose, que tem grande relação com a cultura celta, é uma série de 52 rosas. As flores começam no tornozelo direito da tatuadora e vão até abaixo do seio, também direito. Sobre o significado das rosas para a cultura dela, Rose diz que “vem da relação com a natureza, da beleza, da delicadeza das flores e da fecundidade que elas representam”.
Filha de Rose, Igreine Annie MacFergus, 18, conta que também já fez tatuagem nela mesma. “Ganhei uma maquininha[instrumento de tatuagem] de aniversário de 18 anos, aí já fui estrear”, lembra. Além dessa tatuagem feita no dia do aniversário, Igreine tem outros desenhos que fez em si mesma.
No bairro em que mora, a tatuadora Rose MacFergus causa uma mistura de apreensão e curiosidade. Para alguns vizinhos, o tom azulado das tatuagens chega a ser comparado a uma obra de arte. “É bonito de ver”, diz um deles. Enquanto que, para outros, transmite um pouco de medo, principalmente pela quantidade considerada “excessiva” de tatuagens no corpo e pela singularidade dos desenhos.
Navegante num rio de palavras, que não param de fluir de uma mente em busca do mar.
Jornal Matéria Prima é produzido por alunos do curso de Jornalismo do Centro Universitário Cesumar - UniCesumar - na disciplina Técnica de Reportagem.