


Cansados da vida comum, latinos se aventuram a "viver livres" em Maringá
Gabriela Medrano
Estudante de Jornalismo
Três jovens com procedência da Argentina e do Chile conheceram-se em uma viagem sem data de retorno programada. Adotaram um estilo de vida nômade e há cinco meses podem afirmar que a mais nova residência deles são as extensões brasileiras, mas precisamente esquinas de Maringá. O que comer? Onde dormir? Com quem vão se deparar? São questões que fazem parte de algumas das dúvidas diárias dos três.
Nicolás Flores, 20 anos, argentino, relata que nunca teve a oportunidade de viajar quando era criança. “Saí de viagem ao me dar conta de que poderia viajar sem dinheiro, fazer malabares e ganhar o meu sustento. O Brasil é um país muito fácil para viajar e para viver”, afirma. Segundo ele, o medo faz parte do dia a dia, mas é preciso ter coragem para viajar. Por isso, diz aproveitar a juventude para partir e conhecer o máximo de lugares possível enquanto ainda tiver forças.
Cada um tem diferentes metas na vida. O que fez Nicolás sair de casa foi o desejo de conhecer a América do Sul por inteiro. Há oito anos ele conheceu um dos companheiros de viagem, Cristóbal de Borbón, também argentino, de 19 anos, que domina a técnica do macramê (artesanato feito de linha grossa ou barbante). A cada manhã, monta delicadamente o artesanato que expõe no chão, com o propósito de poder pagar uma refeição.
“Prefiro passar fome como artista a ser uma pessoa comum”
“É preciso deixar todas as comodidades que temos em casa e passar a nos preocupar com as necessidades básicas, como o que comer, onde dormir e trabalhar, para continuar viajando”, conta Borbón. As experiências que adquire a cada dia vão além das próprias expectativas, experimentos que não se pagariam com dinheiro. “Vou me fazer velho, contar tudo o que fiz e sei que vou ter vivido uma vida interessante.”
Entre eles também está Matias Agustin, malabarista, 22 anos, chileno que se viu obrigado a sair de casa quando tinha apenas 1o. Aprendeu a técnica dos malabares ao conhecer integrantes circenses em casas abandonadas, os conhecidos mocós: “Na casa [mocó] as pessoas fazem projetos de circo, artesanato, ensinam às outras que podem fazer arte.” A meta de Agustin é algum dia voltar ao Chile e adquirir um título profissional de artista circense. Tudo o que ele aprendeu até hoje foi nas ruas. Com o corpo coberto de tatuagens ele afirma: “Prefiro passar fome como artista a ser uma pessoa comum inserida no sistema”.
Agustin, Flores e Borbón onde mais gostam de estar: na rua
(Imagem/Gabriela Medrano)
Jornal Matéria Prima é produzido por alunos do curso de Jornalismo do Centro Universitário Cesumar - UniCesumar - na disciplina Técnica de Reportagem.
Que matéria bacana!!! Sempre vejo eles nas ruas do centro, nunca pensei que tivesse toda essa história