


O desânimo de ser obrigado a ser nacionalista e coletivista por um dia
João Henrique Belli
Estudante de Jornalismo
(autor/ Victor cher
Após um dia cansativo, improdutivo e chato, finalmente acabou a experiência de se apresentar no Tiro de Guerra. Orgulho da pátria e gritaria não são meu forte, talvez por isso eu tenha sido liberado rapidamente pelo sargento após uma curta jornada.
Tudo começa quando se entra na sala de espera e o sargento vai chamando um por um para ir se consultar com o médico. O clima é tenso e rígido, risadas não são permitidas nem toleradas, isso deixa todos apreensivos. Após às consultas com o médico chega à hora da entrevista, nesse momento o desespero toma conta e o sargento pergunta:
- Quer servir?
O nervosismo de dizer ou não a verdade sufoca a respiração e deixa um silêncio no ar, até que respondo:
- Não, senhor.
Com olhar atento, ele me analisa e me libera da obrigação de servir o Exército.
Tudo que enxerguei foi tensão e uma obrigatoriedade de ser o que os outros querem que eu seja
Após tudo isso, chega o esperado momento de jurar à bandeira. Tudo foi feito no centro de uma pequena cidade, mas o clima nessa hora é de guerra. Olhar fixo para frente, tensão sufocante e calafrios a cada ordem expedida pelo sargento.
- Atenção grupo, SENTIDO!! Atenção grupo, DESCANSAR!!
O suor escorria pela minha cabeça e meus joelhos começavam a latejar, mas tudo isso, pelo suposto bem do meu país.
O sentimento de nação pulsava no coração de cada um e isso fica claro no tão aguardado Hino Nacional. O sentimento de nação coletiviza os sentimentos, fazendo com que a raiva, a alegria e a dor sejam sentidas em grupo e não pelo indivíduo.
Todos na mesma direção com ar sério e muita disciplina, tudo isso. Misturado com o sentimento de pertencer a algo maior e mostrando que juntos somos mais fortes.
Se muitos tiveram esse sentimento, para mim foi apenas uma tarde onde o nacionalismo coletivista me deu preguiça e me desmotivou, já que tudo que enxerguei foi tensão e uma obrigatoriedade de ser o que os outros querem que eu seja.
Viva o Brasil.
Jornal Matéria Prima é produzido por alunos do curso de Jornalismo do Centro Universitário Cesumar - UniCesumar - na disciplina Técnica de Reportagem.