


Uma experiência para jamais ser esquecida; um encontro às escuras
Talita Camozze
Estudante de Jornalismo
(Montagem sobre imagem/Talita Camozze)
Certo dia eu estava largado e jogado pelos cantos, desanimado da vida, quase desistindo do amor. Então, um amigo me indicou um aplicativo de relacionamentos. Queria me ver mais animado, por isso decidi aceitar. Aliás, por que não? Conhecer alguém e fazer uma amizade. Não diria que seria o amor da minha vida, mas por que não tentar?
Baixei o aplicativo e comecei a procurar um alguém. Conheci várias pessoas, algumas legais, algumas malucas, de todos os tipos. Mas uma em especial, Mônica, 22 anos. Na foto, uma loira, linda, logo me conquistou. Boa conversa, era ela quem, talvez, eu estivesse procurando.
Marcamos um encontro para nos conhecer melhor. No dia da “revelação”, estava animado e ansioso, mas, ao mesmo tempo, preocupado e nervoso, com a cabeça a mil, cheia de pensamentos, me perguntando o tempo todo:
- Será que ela vai gostar de mim?
Um amigo ainda brincou comigo, dizendo que no lugar da loira eu encontraria um velho tarado. E me veio a dúvida:
- Será que a moça da foto é ela mesmo?
Combinamos de nos encontrar em um barzinho, um local aconchegante, com música ao vivo e tranquilo, bom para conversar. Chegando lá, pedi um copo de chopp e me sentei em uma mesa enquanto à esperava. Passou-se um bom tempo e nada dela chegar. Olhava a todo instante para os lados, procurando pra ver se ela estaria por ali.
Conheci várias pessoas, algumas legais, algumas malucas, de todos os tipos
Numa dessas procuras, percebi que havia um velho me olhando. Achei que não era nada, deixei para lá e continuei esperando. Até que já quase desistindo e na iminência de ir embora convicto que havia levado um bolo, aquele homem aproximou-se e falou comigo:
- Olá meu jovem! Você está esperando alguém?
Fiquei surpreso com o fato dele vir até mim e puxar conversa, mas logo respondi:
- Olá senhor! Sim, pode parecer meio estranho, mas estou esperando uma garota que conheci em um aplicativo de relacionamentos.
Ele me olhou, sorrindo, e descreveu exatamente a garota que eu esperava. Fiquei surpreso com a descrição tão precisa que achei que era algum parente ou alguém para dizer que ela não viria. Então, perguntei se ele a conhecia e o homem me contou a verdade. Disse que era a tal “menina” com quem eu conversava e que tinha gostado de mim, mas por ele ser um homem de 60 anos, acabou mentindo sobre a identidade. Fiquei revoltado, sem saber o que fazer e saí do bar sem olhar para trás. Desde então nunca mais o vi. O app só serviu para me deixar de pé atrás com esses encontro às escuras.
Jornal Matéria Prima é produzido por alunos do curso de Jornalismo do Centro Universitário Cesumar - UniCesumar - na disciplina Técnica de Reportagem.