


Tudo é alvo da briga entre direita e esquerda, até placa de trânsito
Carlos Henrique Rosa
Estudante de Jornalismo
Eis que certo dia, andando pela Avenida Colombo, ali na frente da Universidade Estadual de Maringá (UEM), me deparo com uma placa com a seguinte inscrição: “Direita Livre”. Nesse momento você poderia até parar para pensar coisas do tipo: “Ora, pra mim é uma simples placa de trânsito”. De fato seria. Seria, pois no momento atual do Brasil, qualquer coisa que remete às expressões “direita” ou “esquerda”, logo vira guerra ideológica. Bons tempos em que “direita” ou “esquerda” eram apenas duas direções, assim como o “abaixo”, o “acima” ou o “diagonal”…
Mas voltando ao assunto, ao ver essa placa, me lembrei de todas as vezes que uma pessoa, ao dizer defender uma política que olhe para os mais pobres, foi chamada de comunista, defensora dos “direitos dos manos” e de ditadores como Fidel Castro ou Kim Jong Un – e que deveria tentar a vida em Cuba ou na Coreia do Norte. Do mesmo modo, um defensor das liberdades individuais ou econômicas é logo classificado como “coxinha”, “pobre de direita”, “burro de carga dos empresários”, ou coisas do tipo.
Bons tempos em que “direita” ou “esquerda” eram apenas duas direções
E cuidado na hora de escolher suas roupas pra sair de casa. Se você estiver usando qualquer coisa que tenha a cor vermelha, dependendo do lugar, logo as pessoas te olham com cara feia – isso na melhor das hipóteses. Até confundiram a bandeira do Japão com um símbolo comunista… Mesma coisa quando você está andando com a camisa da seleção brasileira – a menos que seja dia de jogo do Brasil.
Parecem duas torcidas de times rivais, talvez até maior que a rivalidade de Grêmio e Internacional (considerado por muitos a maior do futebol brasileiro), cada um defendendo com unhas e dentes o seu lado, ou jogando a responsabilidade de um problema para o adversário. É assim quando o assunto é o nazismo. Enquanto o resto do mundo tem a convicção de que o regime foi cruel e assassino, a grande discussão por aqui é se o nazismo era de esquerda ou direita. Até a comida é alvo da discussão, com a coxinha sendo um prato da direita e o bom e velho pão com mortadela sendo o prato típico da esquerda. Daqui a pouco, ser canhoto será ser “comunista”, e a placa “direita livre”, “coxinha”…
Jornal Matéria Prima é produzido por alunos do curso de Jornalismo do Centro Universitário Cesumar - UniCesumar - na disciplina Técnica de Reportagem.