


Solução resolveria tanto a situação dos animais quanto de saúde pública
Marieli Rossi
Estudante de Jornalismo
A estudante Paula Mitiko, 24, moradora do Jardim Higienópolis, na região oeste de Maringá, abriga 14 gatos em casa. Os dois primeiros gatos que ela abrigou foram abandonados pelos antigos donos na casa onde ela mora. O casal de animais, por não ser castrado, acabou tendo filhotes, o que aumentou a população felina na casa.
“Os vizinhos perceberam que a gente tinha gatos e começaram a abandonar [outros animais] em casa”, afirmou Paula. Ao somar 10 animais, ela passou a abrigar também gatos que encontrava na rua. “Teve uma época que eu tive 22 gatos”, conta.
Paula Mitiko diz que até entrou em contato com abrigos para que ficassem com os animais, mas a resposta que ouvia era sempre a mesma: estavam cheios. A opção foi manter os gatos na própria casa. “Eu me sentiria mal de deixar eles nessa situação”, relata Paula, referindo-se ao abandono.
A cadela atropelada que ficou paraplégica, hoje é mascote da Socpam (Imagem/Giulia Cordeiro)
O abandono de animais perto de abrigos é uma prática comum e preocupante em Maringá. De acordo com a presidente da Sociedade Protetora dos Animais de Maringá (Socpam), Gisele Fagiani, 36, para tentar evitar essa prática até mesmo a distância do local do abrigo é pensada, pois quanto mais perto do perímetro urbano, mais essa situação se agrava. “Já tive uma cadela atropelada que foi jogada em um dia de intenso calor na nossa lixeira, que fica no sol. Ela ficou fechada lá dentro, toda quebrada, por horas ficou paraplégica”, conta Gisele.
A presidente da Socpam ressalta que o número de animais nas ruas só aumenta por falta de conscientização em relação à castração. “A situação dos animais de rua de Maringá é total de abandono, sem água, sem comida, expostos a maus tratos”, afirma.
Já tive uma cadela atropelada que foi jogada em um dia de intenso calor na nossa lixeira
O problema não é preocupante apenas para a saúde e bem-estar dos animais. É também para a própria população e saúde pública. É isso que afirma a veterinária Lara Cassandra Alves Gouveia, 47, voluntária na Socpam.
Ela vê na castração um importante meio de prevenir o crescimento do número dos animais de rua e ainda evitar zoonose.
“As pessoas viajam e trazem os cachorros para a cidade. Aqui os abandonam e acabam sendo portadores de doenças que passam para nós, as chamadas zoonoses, como a raiva, a leishmaniose, que são bem graves.”
Jornal Matéria Prima é produzido por alunos do curso de Jornalismo do Centro Universitário Cesumar - UniCesumar - na disciplina Técnica de Reportagem.