


Toda jornada tem grandes momentos, sendo bons ou ruins sempre deixam lembranças e histórias para contar
Larissa Malaghini
Aluna de Jornalismo
Ela teria tantas lembranças para levar de volta para casa
(Imagem/ Larissa Malaghini)
Quando chegou o dia de iniciar a jornada, ela levantou-se da cama bem cedo. O sol estava envolto por nuvens carregadas, pareciam saber o que estavam fazendo e o que estava prestes a acontecer. Ela também sabia, é claro. Preparou-se para isso ou, pelo menos, é o que ela pensava. Não fazia ideia do quanto iria aprender com a jornada que estava prestes a começar.
Teria que andar muito, por terras pouco conhecidas. Tinha ouvido falar que alguns bairros eram complicados de atravessar e tinha receio de ter que parar em lugares distantes para entrevistar alguma pessoa, até então desconhecida, para saber que caminho tomar.
Mas ela se sentia preparada, estava até empolgada com a ideia de visitar lugares diferentes, ver pessoas novas e trazer lembranças quando voltasse para casa. O que a preocupava de verdade eram seus pensamentos sobre bichos grandes, com mais de três cabeças a encarando em cada esquina, como se estivessem prontos para atacar a qualquer instante.
Tinha ouvido falar que alguns bairros eram complicados de atravessar
Ela pegou o essencial para iniciar a caminhada. De escudo, tinha seu caderno, ganhou do pai especialmente para esse momento, junto com sua espada, a caneta cor-de-rosa que ela tanto gostava.
E então saiu do conforto da casa para o tempo fechado e frio que estava fazendo. A neblina não a deixava enxergar um palmo de distância, um barulho chamou a atenção dela e a fez olhar para o lado. Com medo, viu alguma coisa nas sombras. Pensou ser o bicho de sete cabeças ali, bem do lado dela. Mas ao se aproximar com desconfiança percebeu ser uma mulher, ela ria.
O riso da mulher começou a clarear o lugar, tornando possível ver com clareza tudo em volta. Ouviu o que a mulher tinha para dizer e continuou o caminho, que cada vez ficava mais claro com o medo sumindo aos poucos.
Passou por bairros bonitos, andou por caminhos longos, às vezes tão escorregadios que a faziam cair, mas levantava porque sabia que a jornada ainda não tinha acabado. Outras vezes parava para aproveitar a vista, aprender com o que encontrava no caminho e ouvir histórias sobre pessoas desconhecidas que queriam ajuda. Sem perceber, de alguma forma, a menina ajudava as pessoas e também era ajudada.
Depois de meses, deparou-se com uma placa onde se lia “fim do trajeto”. Era o fim? Ela teria tantas lembranças para levar de volta para casa. Aprendizados, histórias e apenas boatos sobre bichos com várias cabeças. Mas viu que atrás da placa tinha um caminho de terra, era estreito, mas dava para passar. Outra jornada se iniciaria e ela estava pronta. O que aprenderia agora?
Jornal Matéria Prima é produzido por alunos do curso de Jornalismo do Centro Universitário Cesumar - UniCesumar - na disciplina Técnica de Reportagem.