


Primeiro a se casar em Maringá, João Alvarenga veio plantar café, ficou aqui e hoje é um contador de histórias
Janaina Teixeira
Aluna de Jornalismo
Com direito a medalha (entregue pelo então governador Roberto Requião) diploma, carteira e título honorífico de pioneiro de Maringá, João Diogo Alvarenga, 88, o primeiro a se casar em Maringá, contou ao Jornal Matéria Prima como foi chegar à cidade em 1940, aos 12 anos de idade, com a família mineira.
Vieram por indicação de um amigo e logo que chegaram, começaram a desmatar e dar início às plantações. “Aqui em Maringá era só mato, não tinha nada nem ninguém. Tinha que ir para Mandaguari [30 km de Maringá] a pé, para comprar alguma coisa. ”
A família de Alvarenga morava onde atualmente está o Parque Internacional de Exposição Francisco Feio Ribeiro (região norte). Ele se recorda que ali, em 1942, nevou pela primeira e única vez em Maringá. Alvarenga, lembra-se também de todos os patrões que teve e das histórias do pai, plantador de café.
Em 1942, casou-se na igreja, hoje Capela Santa Cruz. “ Fui o primeiro a me casar em Maringá, porque nem isso tinha aqui, o povo ia de caminhão até Mandaguari para casar, eu não”, conta.
Alvarenga diz estar surpreso com o crescimento da cidade que viu nascer. Quando era pequeno perguntava ao pai porque ele cortava todas aquelas árvores e dizia para si mesmo: “Estamos fazendo papel de bestas. Daqui 50 anos não vai ter ninguém aqui. ” Hoje, quando passeia pelo centro e vê como a cidade cresceu, diz que nem parece o mesmo município. “Não vi apenas essa cidade crescer, vi essa cidade nascer. Vi a primeira morte aqui, os primeiros cipós serem cortados, o primeiro comércio. ”
Mesmo sem a consciência ambiental de hoje, quando jovem Alvarenga achava que desmatar era um serviço errado e sem funcionalidade. Maringá, para ele, é uma linda cidade, cheia de árvores e belezas ecológicas.
Segundo a engenheira florestal Suelen Pietrobon Facchi, Maringá tem arborização no estilo europeu como berço da cultura ocidental. “A retirada ou poda de árvores [só acontece] por motivo de pragas (cupim, bactérias, fungos), limpeza, fiação elétrica ou em caso de risco. Com frequência, as podas são aproveitadas economicamente. ”
Abordando sobre o meio ambiente, as árvores têm papel importantíssimo. Débora Pietrobon Facchi, engenheira ambiental, explica que se houver o manejo adequado, minimizam a poluição do ar, que desencadeia muitas doenças respiratórias. “As árvores favorecem a qualidade da água, solo e do ar.”
Vi a primeira morte, os primeiros cipós cortados, o primeiro comércio
Atualmente com 88 anos, Alvarenga já está pensando na festa dos 90 anos que está sendo preparada pelas cinco filhas, netos e bisnetos. “ Só não sou tataravô, porque meus bisnetos ainda não casaram para ter filhos, mas idade para [serem pais] eles já têm. ” Foi casado por 63 anos, viúvo há quatro. Mora com uma das filhas, o genro e dois netos.
Jornal Matéria Prima é produzido por alunos do curso de Jornalismo do Centro Universitário Cesumar - UniCesumar - na disciplina Técnica de Reportagem.