


Usar o adjetivo “puta” para ofender alguma mulher está relacionado diretamente com excesso de orgulho masculino
Leticia Freitas
Aluna de Jornalismo
“Beijou mais de um na balada. É puta. Traiu o marido. É puta. Ela é muito mais nova que ele.” É puta. Ultimamente, é normal relacionar um comportamento que muitos dizem “inapropriado” com o de uma prostituta. Porém, os críticos esquecem que ser prostituta é uma profissão como qualquer outra. Ser puta é ser uma mulher que trabalha, assim como a vendedora, a gerente de banco, a professora, a zeladora etc.
O Código Penal brasileiro não se refere à prostituição em si, pois a mulher ou o homem que lucra com o próprio ato sexual, não está cometendo nenhuma infração penal, visto a inexistência de definição dessa prática como crime. Crime é, de acordo com o Artigo 229 da Constituição, manter por conta própria ou de terceiro, casa de prostituição ou lugar destinado a encontros para fins libidinosos, com ou sem, o intuito de lucro ou mediação direta do proprietário.
A marginalização dos profissionais do sexo leva à exploração sexual, que também é crime. Segundo reportagem publicada pela Agência Brasil em março deste ano, a exploração foi um dos motivos para o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) criar o Projeto de Lei 4.211/12, que regulamenta a atividade dessas profissionais. O projeto está parado na Câmara dos Deputados, pois não há consenso entre os defensores e os opositores. De certo, esses opositores são os sórdidos que ainda acreditam que para ser a mulher perfeita tem que ser mãe, dona de casa e puritana e que são os mesmos seres que se acham superiores aos outros só porque tem certificado do ensino superior.
Respeitar o próximo é lei e está tanto na Constituição como na Bíblia
Vivemos em um país em que assistir filmes de sexo é legal, vistar sites pornográficos é normal, mas trabalhar com sexo é grotesco. Ofender uma mulher chamando-a de puta, é o mesmo que chamá-la de gerente de supermercado, lixeira ou qualquer outro cargo profissional. Desmerecer o serviço que alguém exerce, é, no mínimo, indecente. A ideia de que a mulher que trabalha com sexo é indigna de qualquer direito está relacionada diretamente com o machismo que, infelizmente, insiste em permanecer na sociedade.
De acordo com o dicionário online, “machismo” é um conjunto de atitudes que recusam a ideia de igualdade entre homens e mulheres; demonstração exagerada de valentia; expressão intensa de virilidade; macheza. Julgar o outro pelo gênero, roupas, ideias ou pela profissão é viver na era das cavernas. Respeitar o próximo é lei e está tanto na Constituição como na Bíblia. Então, para os primatas, duas dicas: aprenda a estabelecer limites, a própria liberdade chega até a liberdade do próximo, e pensar antes de falar, afinal, antes de apontar o dedo para alguém, lembre-se que você tem as próprias contas a pagar.
A tal da tagarela e curiosa de plantão à procura de novas histórias para contar.
Jornal Matéria Prima é produzido por alunos do curso de Jornalismo do Centro Universitário Cesumar - UniCesumar - na disciplina Técnica de Reportagem.