


Márcio Marconato diz que mesmo com crise em todo o Brasil Paraná sobe no ranking e é a 4º maior economia do país
Adelson Jaques
Estudante de Jornalismo
“Esgotamos todos os recursos”. Foi assim que a então presidente Dilma Rousseff admitiu, com menos de três meses de segundo mandato, que as políticas de combate à crise de 2008 desequilibraram as contas públicas. O recado ainda seria repetido pelo então ministro da Fazenda e pai do ajuste fiscal, Joaquim Levy: “O dinheiro acabou”.
Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, o Brasil enfrenta a pior crise econômica desde 1990. Na indústria houve queda de investimentos e perda de competitividade. O Brasil se acomodou muito com os fortes ganhos das vendas de matérias-primas e deixou a indústria em segundo plano. Agora, sofre com uma pauta de exportações limitada e com a dependência da China, o que prejudica visto que eles também deram uma desacelerada na economia. A falta de confiança dos investidores internacionais também pode ser um motivo para o agravamento da crise no país.
Para falar um pouco sobre a crise brasileira, e a economia estadual o Jornal Matéria Prima (JMP) conversou com Márcio Marconato, mestre em Economia Regional pela Universidade Estadual de Londrina e doutorando em Teoria Econômica pela Universidade Estadual de Maringá.
O polo automotivo é o terceiro maior do país e as empresas paranaenses se destacam
No 2º trimestre de 2016, o Produto Interno Bruto (PIB) da economia brasileira, comparado ao mesmo trimestre de 2015 teve queda de 3,8%. Na sua visão de mercado qual foi o maior motivo para essa queda tão significativa?
A economia brasileira fechou o ano de 2015 em queda de 3,8%, puxada pela indústria (-6,2%). A indústria de transformação recuou 9,7%, o setor de serviços recuou 2,7% e o consumo das famílias, que por muitos anos puxou o crescimento da economia brasileira, recuou 4%. Apenas a agropecuária cresceu em 2015, com alta de 1,8% em relação ao ano anterior, sob influência da soja e do milho. Esse desempenho negativo observado em diversos setores importantes da economia contribuiu para a retração do Produto Interno Bruto.
Mesmo com o país em crise o Paraná ultrapassou o Rio Grande do Sul e hoje é a quarta maior economia do país segundo dados divulgados pelo IBGE, o Paraná responde por 6,3% de toda a riqueza do país. Como o senhor explica em meio à crise essa mudança de patamar histórico da economia paranaense?
O ano de 2013 foi um ano bom para os três Estados da região Sul, mas o crescimento econômico do Paraná que levou o Estado à posição de quarta economia do pais é resultado de diversos fatores: como o desempenho do agronegócio e o programa de atração de investimentos (Paraná Competitivo) que levou emprego e renda para todas as regiões do Estado. Além do mais, o polo automotivo é o terceiro maior do país e as empresas paranaenses se destacam em outras cadeias produtivas, como alimentos, máquinas e equipamento, energia e petroquímica.
A taxa de desemprego no interior do Estado está em 7% contra a média de 11,2% no Brasil. No seu ponto de vista a estrutura econômica paranaense está favorecendo para um menor impacto da crise e uma recuperação mais rápida?
Sim. A indústria foi o principal setor afetado pela crise econômica brasileira No caso do Paraná a região metropolitana de Curitiba se destaca na produção industrial. Já no interior, a economia é mais pautada no setor da agricultura e do serviço. A região oeste, por exemplo, entre janeiro de 2011 e março de 2016, liderou a criação de empregos no estado, com saldo (entre admitidos e demitidos) de 51,7 mil vagas com carteira assinada segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) e o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e social (IPARDES).
De janeiro a junho deste ano, das três grandes regiões metropolitanas do PR, Curitiba e Londrina perderam juntas 10 mil postos de trabalho. Na contramão do saldo negativo, Maringá gerou 630 emprego no período. A que se deve esse efeito?
Os empregos foram gerados no Paraná, principalmente no setor de serviços e comércio. Em Maringá esses setores são representativos e responsáveis por boa parte dos empregos.
O que a nova equipe econômica deve fazer para por o Brasil no trilhos do crescimento econômico?
A nova equipe econômica, liderada pelo ministro da Fazenda Henrique Meirelles, tem apresentado medidas para equilibrar as contas públicas, o que é importante para que o governo federal volte a ter capacidade de investimento. Outros fatores que podem contribuir para a volta do crescimento são a redução das taxas de juros e o incentivo aos investimentos privados, sobretudo na indústria e infraestrutura.
Jornal Matéria Prima é produzido por alunos do curso de Jornalismo do Centro Universitário Cesumar - UniCesumar - na disciplina Técnica de Reportagem.