


O jovem não se importa muito com os livros; o avanço tecnológico é uma das principais causas desse problema
Rafael Bereta
Aluno de Jornalismo
É preocupante a falta de interesse que os jovens têm pela leitura. Um dos motivos apontados por especialistas é a diversidade da tecnologia, o passatempo preferido dos mais novos. Atualmente não se observa grandes incentivos à leitura, o que se nota são fatores que “roubam” a atenção dos jovens, como as redes sociais e jogos online.
Com esse cenário, é de se esperar o surgimento de um grande número de analfabetos funcionais. Dados do Indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf) do Instituto Paulo Montenegro, divulgados em julho de 2012, mostram que 20% dos brasileiros de 15 a 49 anos são analfabetos funcionais. São aquelas pessoas que, mesmo conseguindo ler, não conseguem interpretar e entender um texto, mesmo pequeno.
Smartphones, redes sociais, jogos não são somente geradores de problemas com a leitura, mas podem afetar todo o aprendizado na vida escolar, desviando a atenção das crianças, adolescentes e jovens das atividades. Dificilmente vamos encontrar um jovem dependente de tecnologia trocar um videogame por um livro quando alguém pedir para ele escolher, já que nasceu nesse âmbito tecnológico.
Com esse cenário, o que se pode esperar é um grande número de analfabetos funcionais
De acordo com a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), em 2015 o Brasil ficou na 60ª posição entre os países que menos leem, com média de leitura de dois livros por ano. Está bem diferente dos Estados Unidos, com 10 livros, e a França, com 12 livros lidos por ano, em média, por habitante.
Para cultivar o hábito da leitura nas crianças e jovens é preciso que, desde cedo os pais incentivem os filhos a ler, começando com pequenas histórias em quadrinhos, personagens infantis, para que as crianças acostumem com o mundo da leitura.
Mesmo a tecnologia pode ajudar nesse processo. Há atualmente a difusão do livro digital, o chamado e-book, que possibilita a leitura de livros diretamente dos tablets e smartphones. É uma importante alternativa que não pode ser descartada principalmente por aqueles que querem vencer o analfabetismo funcional.
Jornal Matéria Prima é produzido por alunos do curso de Jornalismo do Centro Universitário Cesumar - UniCesumar - na disciplina Técnica de Reportagem.
Mas é claro que a maioria das crianças e jovens não vai trocar a tecnologia de mil e uma possibilidades, com um livro, por mais best-seller seja. Impossível comparar um e outro, mesmo reconhecendo que a leitura de um bom livro possibilita a criação imaginária de personagens e lugares, motivando a elaboração de cenários e paisagens exclusivas da mente de cada diferente leitor e favorecendo o desenvolvimento de uma linguagem e redação corretas, sem as aberrações abreviadas da comunicação tecnológica, esse novo idioma criado para não se perder tempo com as palavras. Esse é o preço do Progresso tecnológico que já estamos pagando para ver adolescentes cometendo atrocidades gramaticais tremendas, sem sentirem a mínima falta de falar e escrever corretamente, além de dialogarem monossílabos quase inaudíveis e assinarem o próprio nome, pelo menos isto.