


Amigas ajudam a esquecer a dor, até que ela chega à você e a chama para dançar, te fazendo esquecer de tudo
Amanda Zerede
Estudante de Jornalismo
E lá estava eu, no bar com meia dúzia de amigas, conversando sobre a separação recente entre mim e meu marido. Algumas diziam que era a melhor coisa que eu tinha feito nesses 20 anos, outras que eu deveria voltar para ele, mesmo com tantos defeitos e brigas. Naquele momento minha cabeça girava e eu não sabia se era por causa dos vários copos de caipirinha que já havia bebido ou se era porque eu estava confusa demais para aquela situação.
O que resolvi fazer da vida naquela hora foi pedir para mudarem de assunto ou eu iria me retirar. E foi o que elas fizeram. Depois do meu choro de saudade, nos divertimos muito. Voltei para casa um pouco melhor do que quando tinha saído. E sabe o motivo? O motivo tem cabelos pretos, 1,80 m, olhar discreto e sedutor e atende pelo nome de Alfredo. Ele chegou a minha mesa e com um gesto simples me chamou para dançar. Fiquei confusa, porque estávamos em um bar, não em uma danceteria, mas resolvi aceitar, já que não estava em meu estado normal.
Dançamos colados ao som de Ivete Sangalo, com um ritmo descompassado, o que foi um tanto engraçado. Quando a música acabou, ele me deu apenas um beijo na testa e foi se sentar com seus amigos. Parecia que eu estava anestesiada. Não tive reação, só fui me dar conta de que eu estava parada, olhando para aquele homem fazia uns dois minutos, quando uma de minhas amigas me chamou.
A bronca foi imensa, disseram que paguei um mico enorme e que eu não deveria ter dançado com ele se tivesse um pingo de vergonha na cara. Só que eu ainda estava em estado anestésico e nem liguei para o blá blá blá das amigas, que achavam que eram minha mãe.
Meu coração estava disparado querendo me dizer que eu amava aquele homem
Aquela cena se repetia em minha mente e eu queria muito, mas muito mesmo, que ele voltasse a minha mesa e me tirasse para dançar novamente. Sabe o estado que se chama déjà vu? Era a única sensação que meu corpo proporcionava e meu coração naquele momento estava disparado, querendo me dizer que eu amava aquele homem. Nós dois trocamos alguns olhares e no fim de tudo ele me levou para a casa.
Estava eu, bem feliz, voltando do bar, com meu ex-marido que agora não era mais ex, que eu acabara de conhecer e me apaixonar pela centésima vez no mesmo local, com tudo sem planejar. Sabia dentro de mim, que amor igual a esse eu nunca mais iria encontrar. Por isso, quando brigamos e nos separamos voltamos sempre para aquele boteco, que desperta em nós dois o amor da primeira vez que nos vimos. E essa sensação sempre será anestésica em mim.
Jornal Matéria Prima é produzido por alunos do curso de Jornalismo do Centro Universitário Cesumar - UniCesumar - na disciplina Técnica de Reportagem.
muito boa essa crônica. Eu comecei ler e nao entendi muito, mas continuei porque estava bem interessante.No final me surpreendi. Parabens a estudante!