


A forte participação das novas gerações no espaço público mostra uma juventude mais politizada e dá novo folego ao tema
Amanda Domingues
Estudante de Jornalismo
Historicamente, o brasileiro foi induzido a ter comportamento passivo em relação à política. Vota-se de dois em dois anos e os políticos seguem fazendo conspirações e negociatas, não dando à a população a dimensão da própria influência e gerando uma despolitização da sociedade.
As Jornadas de Junho, em 2013, são o ponto de partida para a constatação de que a política é para os jovens. Segundo a Folha de S. Paulo, dos manifestantes paulistas no dia 17 de junho, 84% não tinham preferência partidária; 71% participavam pela primeira vez de um protesto e 53% tinham menos de 25 anos. Os jovens, que não se viam representado pelos políticos, baniram em grande parte os partidos que quiseram se promover ou liderar as manifestações.
Em conversa com o Jornal Matéria Prima, o economista formado na UEM (Universidade Estadual de Mariná) e estudante de política Felipe Carvalho Araújo destaca a importância das manifestações de junho. “Seja pela esquerda ou pela direita, serão lembradas na história como um ponto de inflexão na política brasileira, tendo a juventude como um dos principais protagonistas. E como tudo o que é novo é estranho aos olhos, ainda temos muito trabalho na reorganização dessa estrutura política que conflita o velho com o novo”, diz.
Para o professor de sociologia Tiago Valenciano os jovens se integraram mais na política a partir das redes sociais, usando o espaço de entretenimento para discussão e participação política. “Principalmente o Facebook, mas também outras formas de integração online, como o WhatsApp, Instagram, Snapchat que são comunicações instantâneas”, diz. Segundo ele, a disputa entre direita e esquerda tornou possível que o jovem se posicionasse politicamente. “A crítica se dá na forma passiva que o jovem participa, pois é quase um militante online.” Valenciano pontua que o jovem só se movimenta acerca do assunto quando precisa. “No mais, fica na militância, mas não se engaja politicamente nas campanhas e não participa politicamente de maneira ativa no país”, afirma.
Temos que reorganizar essa estrutura política que conflita o velho com o novo
Matheus Ferreira, servidor público estadual, especializado em ciências públicas, observa, porém, que o jovem vê a política de maneira essencial. “Um dos maiores efeitos na política é que conseguiram uma outra chance de fazerem uma graduação. O Prouni [Programa Universidade para Todos] entra como essa nova chance. Eles [os jovens] veem na política uma oportunidade para mudar o futuro, uma esperança de tornar o nosso país melhor”, diz. Ferreira concorda que o jovem precisa entender mais a política e participar mais de maneira ativa para ter uma país melhor para viver.
Jornal Matéria Prima é produzido por alunos do curso de Jornalismo do Centro Universitário Cesumar - UniCesumar - na disciplina Técnica de Reportagem.