


O corpo juvenil maringaense mostra forte politização, mas os próprios jovens observam a necessidade de estruturação
Christian Presa
Aluno de Jornalismo
Protesto juvenil na Esplanada dos Ministérios, em Brasília
(Imagem/Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
A participação do jovem na política é inegável. De acordo com pesquisa do Supremo Tribunal Federal, 33,8% do eleitorado maringaense é composto por jovens de 16 a 24 anos. Analisar a forma que essa faixa-etária enxerga o assunto é, portanto, fundamental para a compreensão da estrutura política contemporânea.
Será que o jovem maringaense é político de forma consciente? Houve avanço? Há muito o que se conquistar? Para Adevanir de Paulo Rezende Filho, de 21 anos, aluno de Economia da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e professor pré-vestibular, a possibilidade de esclarecimento político gerou engajamento, mas que nem sempre é realizado da melhor forma. “Ele [o jovem] quer ser [mais consciente]. Se ele o é, já é uma questão mais complicada”, declara.
Não é ‘pessoas querem e fazem’. Elas precisam se organizar para fazer acontecer
Segundo ele, há uma polarização na discussão sobre política que não beneficia ninguém. “Nem sempre é A ou B. A gente está numa situação mais cinzenta para se discutir, e esse espaço para discussão infelizmente ainda não existe da melhor forma.” Rezende Filho destaca que as organizações dentro das universidades possibilitam a abertura do espaço para debate e militância, mas é preciso organizá-las e “essa organização ainda falta na juventude atual”.
A professora e graduanda de História da UEM Bárbara Valente de Deus Duarte, de 23 anos, vê o cenário de forma mais branda e promissora e coloca o jovem como bem mais consciente do que antes. “A gente vê isso até mesmo dentro da universidade. De uns dois anos para cá estão surgindo muitos grupos de estudos, o pessoal está sempre organizando passeatas, manifestações, lutando pelas suas ideias.” Para ela, esse efeito mudou a forma como os próprios políticos enxergam os jovens e estão buscando contato mais direto com essa faixa-etária. Bárbara ressalta ainda o poder da internet e das redes sociais nesse processo. “Acho que essa facilidade de encontrar temas e argumentos relacionados à política tem feito com que o jovem se interesse e se engaje mais”, diz.
O mesmo advento, apesar dos benefícios citados acima, é visto de outra ótica por Carolina de Freitas Souza, estudante de Artes Visuais da UEM, de 18 anos. “A gente tem que ter muito cuidado com aquele ditado do ‘se está na internet é verdade’. Não é assim.” Apesar do alerta, Carolina enfatiza a importância da pluralidade de opiniões na internet no progresso do engajamento dos jovens. “O jovem hoje tem acesso a tanta informação que acaba sendo mais maleável a novas ideias. Por isso é importante rodas de conversas para cada um mostrar o seu lado e a partir disso conseguir crescer politicamente.”
Jornal Matéria Prima é produzido por alunos do curso de Jornalismo do Centro Universitário Cesumar - UniCesumar - na disciplina Técnica de Reportagem.