


Jornal que defende o rodeio como esporte está fazendo, na realidade, apologia aos maus tratos contra os animais
Gian Ribeiro
Aluno de Jornalismo
A violência nas manobras e performances dos peões é real
Imagem/Pixabay
O rodeio é mais uma das culturas importadas dos Estados Unidos da América (EUA). Um “esporte” muito utilizado no interior dos Estados brasileiros. Existem diversas modalidades, como montaria, laço e “derrubar boi na unha”. Uma festa que movimenta muito dinheiro, muita bebida, música sertaneja e animais que se ferem e, algumas vezes, acabam sendo mortos pela crueldade.
Na edição 442º do Jornal Matéria Prima, foi publicado o artigo “A irracionalidade de condenar o rodeio”, que defende a atividade como esporte e cita os cuidados que envolvem os animais dentro de tal prática. Mesmo que haja cuidados com os animais, a violência utilizada nas manobras e performances dos peões é real, o que torna o rodeio um esporte cruel.
Segundo a World Animal Protection Brasil (entidade mundial que busca a proteção e a valorização dos animais), o som extremamente alto, o espetáculo pirotécnico, o barulho vindo da arquibancada, a grande movimentação humana e ruídos dos diversos animais que ali estão podem provocar alto nível de estresse em cavalos, touros, bezerros, garrotes e ovinos. E esse estresse pode ocasionar reações contrárias ao comportamento habitual de cada espécie.
O uso de utensílios de tortura e a espora mostram a crueldade envolvida nessa atividade
O fato é que o uso de utensílios de tortura, como o sedém (espécie de cinto amarrado na virilha do boi) e a espora mostram a crueldade envolvida nessa atividade, que alegra humanos em detrimento dos animais.
Esses eventos só resistem porque estão ligados à indústria fonográfica sertaneja, muito forte, pois se dependesse somente da prática do esporte para terem público não se pagariam. Segundo reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo no último dia 10 deste mês, a frequência nesses eventos tem diminuído bastante.
Outra situação tratada pelo jornal paulista é que muitos rodeios têm encontrado barreiras judiciais, pelo fato de algumas ONGs terem encontrado uma brecha na lei. Essas organizações usam um decreto de 1995, do ex-governador Mário Covas (1930-2001), que veta eventos do gênero em perímetros urbanos das cidades, pois muitos moradores dessas regiões reclamam da sujeira, inconvenientes por causa de bebida e o barulho demasiado de quem necessita acordar no dia seguinte para trabalhar.
É preciso que o Jornal Matéria Prima tenha cuidado ao publicar textos como esse, que fazem apologia a maus tratos de animais. E que os adeptos do esporte adotem o respeito aos animais e as pessoas que moram circunvizinhas nos locais de realização do evento, pois cultura boa é aquela que educa, alegra e respeita os envolvidos, direta ou indiretamente.
Jornal Matéria Prima é produzido por alunos do curso de Jornalismo do Centro Universitário Cesumar - UniCesumar - na disciplina Técnica de Reportagem.