


Bloqueio do WhatsApp mostra que a Justiça está se esquecendo de usar os caminhos tradicionais para chegar a criminosos
Gian Ribeiro
Aluno de Jornalismo
Imagem/Monagem/Gian Ribeiro
O aplicativo WhatsApp teve o sinal bloqueado pelo juiz Marcel Maia Montalvão, da comarca de Lagarto (SE), no último dia 2 de maio. O bloqueio, que era para ser 72 horas durou apenas 26 horas por conta da intervenção jurídica do desembargador Ricardo Múcio Santana de Abreu Lima, do Tribunal de Justiça de Sergipe (TJ-SE). Ele ordenou o restabelecimento do sinal no dia seguinte.
Não é a primeira vez que tentam bloquear o aplicativo. No ano passado, em dezembro, algo semelhante aconteceu, porém, o bloqueio foi de 48 horas. O Judiciário vê o aplicativo como uma ferramenta capaz de deter criminosos que o utilizam, podendo interceptar informações sobre tráfico de drogas. Foi por isso que o juiz Montalvão pediu o bloqueio. Já os responsáveis pelo WhatsApp no Brasil alegam não dar as informações à Justiça por não possuí-las.
O aplicativo tornou-se essencial na comunicação nacional. O bloqueio, sem dúvida, teve a intenção de facilitar o trabalho do Judiciário, mas o que aconteceu com a investigação policial? Como a Justiça fazia para encontrar traficantes antes da internet?
Há quem diga que com o bloqueio do WhatsApp famílias voltaram a jantar reunidas. Brincadeira à parte, a situação para os mais de 100 milhões de usuários ficou séria. Para alguns mais, para outros, menos.
O fato é que o aplicativo tornou-se um dos meios de comunicação mais importantes para os brasileiros no sentido social e comercial. Pode-se dizer que o WhatsApp é igual ou até mesmo mais importante que o telefone. Existe nele, grupos da família, amigos, futebol, faculdade etc. O comércio tem utilizado o aplicativo para receber pedidos de produtos e mercadorias.
O aplicativo
tornou-se essencial na comunicação nacional
De acordo com dados da segunda Pesquisa Nacional do Varejo Online, feita pelo Sebrae no ano passado, 39% das pequenas empresas de comércio eletrônico, por exemplo, utilizam o WhatsApp como ferramenta de pré e pós-venda. Em tempo de crise é importante economizar e o aplicativo tem sido, tanto à pessoas físicas, quanto jurídicas, uma opção viável.
Até mesmo os jornais e programas de TV têm usado o WhatsApp para sugestão de reportagens, opinião (enquetes) e envio de informações, em função da instantaneidade que o aplicativo proporciona.
A tecnologia é importante, mas utilizar os métodos tradicionais de investigação também, o que, por si só, joga por terra a tese dos que defendem o bloqueio do aplicativo.
Jornal Matéria Prima é produzido por alunos do curso de Jornalismo do Centro Universitário Cesumar - UniCesumar - na disciplina Técnica de Reportagem.