


A superlotação poderia ser resolvida aumentando a frequência da frota de ônibus, segundo mestre em Engenharia Urbana
Lucas Martinez
Aluno de Jornalismo
Para urbanista, o planejamento em Maringá prioriza o carro
(Imagem/Lucas Martinez)
Em Maringá, a ocorrência de casos de lotação e superlotação no transporte coletivo vem causando transtornos aos universitários que utilizam o serviço. As reclamações são sempre as mesmas e vão desde a dificuldade de entrar nos ônibus, que chegam aos pontos já lotados, até os riscos de acontecerem acidentes no interior dos veículos. Como nem todos usam o transporte sentados, uma freada brusca pode levar muitos ao chão.
De acordo com o gerente administrativo da Secretaria de Trânsito e Segurança de Maringá (Setrans), Antonio Bernardes, o transporte coletivo de Maringá “não tem superlotação, e sim, na maioria das vezes, lotação”. Ele afirma que o relatório recebido pela Setrans mostra que a quantidade de pessoas que utilizam o transporte ao mesmo tempo está dentro do tolerável. Segundo o gerente, o foco da atual gestão, no que se refere ao transporte público, é a “construção já iniciada de um corredor exclusivo para transporte coletivo na avenida Morangueira”, que possivelmente diminuiria de 10 a 15 minutos de rota.
Já o estudante do curso de Direito do Centro Universitário Cesumar (UniCesumar) William Lombardi, 19, que utiliza diariamente esse meio de transporte para ir à instituição, diz que a superlotação é cotidiana. “A 324, uma linha universitária, em horários de pico, está superlotada todos os dias”, aponta. Para ele, um investimento público nessa área e a cobrança desses incentivos pela população seriam soluções para melhorar o serviço.
Segundo Thiago Botion Neri, arquiteto e urbanista, professor e mestre em Engenharia Urbana pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), a superlotação poderia ser resolvida “aumentando a frequência, ou seja, a quantidade de ônibus que passam em um mesmo ponto, em horários de pico, principalmente”.
Conhecer as vantagens faria com que as pessoas cobrassem mais do governo
Neri também faz uma crítica ao atual planejamento dos municípios em geral, inclusive de Maringá. “Há mais de 40 anos, todo o planejamento de transporte tem se desenvolvido no carro como principal ator”, diz ele. “Essa cultura antiga [do veículo individual] é a que prevalece até hoje.” O professor aponta que dentro dos carros de passeio que estão trafegando há 1,2 pessoas por veículo, dado que mostra um número muito pequeno por unidade para o grande espaço que essa frota ocupa.
Segundo ele, conhecer as vantagens de utilizar o transporte coletivo ou cicloviário faria com que as pessoas cobrassem mais do governo. “O conhecimento e a educação, com campanhas e modelos de outras cidades a serem seguidos, seriam formas de mostrar às pessoas os benefícios de optar por essas alternativas”, afirma o arquiteto.
Aspirante a fotógrafo, chocólatra e corrijo erros de português mentalmente.
Jornal Matéria Prima é produzido por alunos do curso de Jornalismo do Centro Universitário Cesumar - UniCesumar - na disciplina Técnica de Reportagem.
Temos, por um lado, uma esmagadora maioria entre os governantes que não está nem aí para o transporte público. Mas também temos, do outro lado, uma população que aguenta calada porquê passa a longa viagem sonhando em quando terá o próprio carro e se livrará do “busão”.