


Um até logo para minha primeira experiência como repórter; não é uma despedida, mas a melancolia é inevitável
Isabela Soares
Aluna de Jornalismo
Despedida, uma saudação no momento em que nos separamos de algo ou de alguém. Mas será que devo mesmo me despedir do Jornal Matéria Prima? Afinal, sempre vão estar comigo os aprendizados e as boas lembranças aqui vividas.
O desconhecido sempre nos assusta no início. Primeiro dia de aula, do meu segundo ano de faculdade. A professora Rosane Barros nos apresenta o jornal e eu penso que não vou conseguir.
Na minha primeira reportagem, eu e mais um colega saímos atrás de histórias para contar. A sorte de principiante estava comigo. Logo no primeiro estabelecimento que entrei, naquele bairro desconhecido, encontro o cabeleireiro Zézinho. E o meu medo de nada dar certo dá lugar ao gostinho de quero mais.
No momento em que vi meu primeiro texto publicado no jornal senti, mesmo que de forma menos intensa, como é ser repórter. A cada gênero eu ia me surpreendendo mais, a vontade de fazer acontecer, encontrar uma boa pauta e uma fonte eram cada vez mais estonteantes.
E não foi só comigo que aconteceu assim. Douglas de Oliveira, 28 anos, é da turma de 2009 de curso de Jornalismo. Ele também produziu para o JMP no seu segundo ano de curso e lembra: “nós produzíamos os textos e levávamos para a correção em grupo. Ela [Rosane] sinalizava os pontos errados e os que a gente tinha acertado”.
No momento em que vi meu primeiro texto publicado senti como é ser repórter
As correções sempre me deixavam nervosa, meu senso de autocrítica nunca me permitia gostar de um texto produzido por mim. Mas sei que cada erro só serviu de aprendizado, hoje só uso “onde” quando estiver me referindo a lugar e “passar” só se for roupa.
Os macetes aprendidos com Rosane são inesquecíveis, principalmente o de nunca usar a palavra “coisa”. “O uso de frases curtas e diretas e de expressões como “por meio” e “através” até hoje aplico no meu dia a dia”, afirma a jornalista, ex-aluna colaboradora do JMP, Nadila Toledo, 32 .
Aqui, aprendemos a nos formar na técnica jornalística, vivemos um pouco da louca rotina da profissão escolhida. “Ter escrito para o Jornal Matéria Prima foi muito importante para a minha formação. O texto que eu aprendi, eu melhorei com o tempo, mas foi no JMP que eu formatei o tipo de texto que eu escrevo”, diz Diego Fama Marinho, 33 anos, que é da turma de 2000 do curso de jornalismo.
Talvez seja melhor eu não me despedir mesmo. Isso é um até logo. Com os anos quero voltar a rever as reportagens por mim produzidas, relembrar cada momento e me criticar, ou não, mais um pouquinho.
Jornal Matéria Prima é produzido por alunos do curso de Jornalismo do Centro Universitário Cesumar - UniCesumar - na disciplina Técnica de Reportagem.