


Ciclista há 5 anos, Ana Paula Casetta, 19, já representou o Brasil na China e é embaixadora dos Jogos Escolares 2015
Isabela Soares
Aluna de Jornalismo
Ana Paula comemorando vitória em Nanjing, China. (Foto: Wesley Kestrel)
É só bater no portão que Jack e Negão vêm fazendo a recepção mais calorosa que o sol das 10hh, seguindo de um “Já vai!”. A ciclista Ana Paula Casetta, 19 anos, e os dois cachorros de nome “criativos” levam a repórter até a sala onde foi feita a entrevista. Logo ela conta como tudo começou, a troca das sapatilhas. Quando criança, fazia ballet no salão da igreja, anos depois saiu da dança, trocando a sapatilha de ponta pela sapatilha de ciclismo.
Hoje isso é minha carreira, meu trabalho, minha vida, meu tudo
Em 2010, Casetta foi incentivada a pedalar com o irmão. Hoje é ciclista de grande influência entre os jovens atletas brasileiros da modalidade.
Nesses cinco anos decarreira já conseguiu títulos como campeã brasileira de estrada e contrarrelógio em 2011, 2012 2014 e neste ano o contrarrelógio sub 23. Em 2013 foi campeã dos Jogos Sul-americanos da Juventude, em equipe mista, no Peru. Ganhou os Jogos Olímpicos da Juventude, na China, prova de estrada, no ano passado.
Com a carreira indo mais rápido que seus Sprint [bordão usado há disputa na chegada da corrida], a atleta, neste ano, também foi convidada a ser embaixadora dos Jogos Escolares da Juventude, em Fortaleza (CE). Em entrevista ao Jornal Matéria Prima (JMP), Ana Paula conta como é a vida dela no ciclismo.
Da sapatilha de ballet para a sapatilha de ciclismo. O que te incentivou a fazer essa troca e o que é o esporte em sua vida hoje?
O que incentivou foi meu irmão e toda a minha família. Hoje todos aqui são viciados no esporte. Eu passei minha infância fazendo ballet e, em 2010, meu irmão, que já praticava o ciclismo, insistia para eu praticar também. Ele trouxe uma bicicleta para eu começar a pedalar e desde então nunca mais parei. Hoje, isso [o esporte] é a minha carreira, meu trabalho, minha vida, meu tudo.
O início é complicado em qualquer eesporte. Conseguir patrocínio, principalmente à aqueles que estão apenas começando. Com você a história foi diferente?
O meu início no esporte foi sim um pouco diferente, pois a bicicleta era do clube da cidade [Clube Maringaense de Ciclismo], que eu represento até hoje. É muito difícil não ter patrocínio no início, os equipamentos do ciclismo são caros e isso cai do nosso bolso. Hoje a situação é diferente, tenho patroccinadores e bolsa atleta, que ganho da cidade, do Estado [Bolsatop2016], do Ministério do Esporte e da Força Aérea Brasileira, que me mantêm nas competições e treinamento.
Em cinco anos de carreira, você já conquistou vários títulos qual é o mais importante?
Venci a prova na China, que apesar de não ter trazido medalha, essa é a vitória de maior expressão da minha carreira. Essa prova foi contra as melhores atletas do ciclismo mundial com até 18 anos. Foi uma vitória muito apertada, por menos de um pneu. Foi muito emocionante, não acreditei quando passei a linha de chegada. Essa foi uma das cinco provas que integrava o formato das Olimpíadas da Juventude Nanjing, na China.
Hoje você é exemplo para os jovens atletas que sonham conquistar títulos e crescer no esporte, foi até convocada para ser embaixadora dos Jogos Escolares da Juventude 2015. Como lida com isso, se acha merecedora de ser exemplo para eles?
As coisas na minha vida aconteceram muito rápido. Dois anos atrás eu estava participando dos Jogos Escolares e este ano ser convidada para ser embaixadora foi uma surpresa. Acredito conseguir ter boas influências com os atletas mais novos, sempre tento dar dicas, conselhos, estar presente nos treinamentos dos atletas da cidade [Maringá], para ajudar. Agora, se sou merecedora ou não, eu não faço ideia. Mas tudo é conquistado por um motivo e muita garra.
Sobre suas viagens, como é ficar longe de casa, até mesmo do outro lado do mundo, sozinha, tudo pelo sonho de ser uma ciclista reconhecida e representando o seu país?
Isso nunca foi problema, viajar sozinha, pois tenho apoio da minha família, amigos, do clube e isso nunca foi à toa. Temos que batalhar pelos nossos sonhos, pois nada vem fácil, muito menos a vitória e o reconhecimento.
Jornal Matéria Prima é produzido por alunos do curso de Jornalismo do Centro Universitário Cesumar - UniCesumar - na disciplina Técnica de Reportagem.