


De “hashtag” em “hashtag”, amizades são desfeitas, o preconceito vira moda e a hipocrisia toma conta das redes sociais
Pedro Henrique Solheid
Aluno de Jornalismo
Uma das mentes mais brilhantes que já habitaram o globo terrestre, Albert Einstein, nascido no século 19, proferiu certa vez, como fosse um presságio: “Eu temo o dia em que a tecnologia ultrapasse nossa interação humana, e o mundo terá uma geração de idiotas”. Se esse dia chegou ou não, difícil afirmar, porém, é evidente que a interação humana, cada vez mais, perde espaço para as maravilhosas (ou não) distrações do mundo virtual.
Com a democratização da tecnologia, redes sociais
tornam-se ágoras da nova era
Segundo a Pesquisa Brasileira de Mídia (PBM), deste ano, realizada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), 42% dos brasileiros afirmam que a internet é o meio de comunicação que mais utilizam. Dentre os usuários, 76% confessam acessar a rede todos os dias, com exposição média diária de quase cinco horas.
Com a democratização da tecnologia, redes sociais tornam-se ágoras da nova era, onde sofistas contemporâneos, com talento para escrever de forma rebuscada, acumulam curtidas e compartilhamentos de opiniões saturadas de polêmicas sobre assuntos demasiadamente fúteis.
O fato é que, com amplo espaço para se manifestar sobre o que bem entender, as pessoas estão se tornando viciadas em opinar, o que parece ótimo, afinal, indivíduos pensantes e questionadores são capazes de mudar o mundo. Pois é, mas o que realmente acontece é um compartilhamento de ideias alheias. Uma pessoa vê algo de que gosta e reproduz, sem questionar, sem buscar outro ponto de vista.
A onda do momento é participar ativamente de polêmicas, seja apoiando uma causa ou contrariando a maioria. Fatos como o apoio, ou não, à comunidade LGBT, à um estilo musical ou até mesmo alguma declaração de pessoa famosa, tornam-se desculpas para brigas e discussões infindáveis, regadas a “memes” e “hashtags”.
Fatos recentes evidenciam isso. Por exemplo, a adesão em massa das cores do arco-íris nas fotos de perfil do Facebook e os ataques por parte de quem não aderiu ao movimento. Ou ainda a indignação por parte dos fãs de Cristiano Araújo com as declarações do apresentador Zeca Camargo após a morte do cantor. Aonde foi parar a empatia? O amor pelo próximo? O respeito pela opinião das outras pessoas?
Em meio a um turbilhão de textos bem escritos, ataques gratuitos a ideologias, disseminação de ódio e senhores da verdade, devemos prestar mais atenção antes de tomar uma posição. Conte até dez. Leia, releia, pesquise e se informe. Compartilhe menos, formule mais. Se você é capaz de descascar uma mexerica, também é capaz de perceber que algumas pessoas não o são.
Jornal Matéria Prima é produzido por alunos do curso de Jornalismo do Centro Universitário Cesumar - UniCesumar - na disciplina Técnica de Reportagem.