


Cada torneira vazia nas áreas urbanas é reflexo da atuação ilegal de madeireiros na grande Floresta Amazônica
Patrícia Marques
Aluna de Jornalismo
O Brasil, apesar de ser o país que tem maior porcentagem de água potável no mundo, vive atualmente uma crise sem precedentes no sistema de abastecimento de água, que afetou diretamente a região Sudeste, em especial a cidade de São Paulo. Há cerca de um ano, o nível dos reservatórios que abastecem a cidade vem baixando em decorrência da instabilidade climática e principalmente da ausência de chuva. Segundo estudiosos, tais fatores estão diretamente ligados ao desmatamento incessante, crescente e ilegal da Floresta Amazônica, responsável por bombear umidade para a atmosfera e que, posteriormente, provoca chuva na região onde está localizada a metrópole.
Que o desmatamento das florestas brasileiras, quer seja ilegal ou não, é um fator que contribui fortemente para a escassez de água nas áreas urbanas, todos nós podemos supor. A questão é que todos os recursos naturais, assim como tudo na vida, são finitos e, com a água não é diferente. Tanto a água subterrânea quanto à de superfície. Deste modo, é necessário que façamos um planejamento para utilizar tal recurso de maneira racionalizada, pensada estrategicamente para evitar a escassez.
As mudanças climáticas são previsíveis e fazem parte do “calendário geológico” há centenas de milhões de anos e, embora não possam ser detidas, podem ter os efeitos amenizados graças a atitudes inteligentes do homem na utilização e otimização dos recursos naturais. Segundo Hermam Vargas, 56, geólogo, mestre em Engenharia de Produção (Gestão de Qualidade Ambiental), Engenheiro da Segurança e professor do curso de Engenharia Ambiental da Unicesumar – Centro Universitário Cesumar, o que acontece na Amazônia influi no mundo inteiro, porque o sistema/clima é um só. Ou seja, os gases resultantes do efeito estufa influem no Brasil, no Canadá, na Europa, no mundo todo.
Hermam diz ainda que a atitude mais simples para evitar problemas com o mau uso dos recursos, que levam a racionamentos, é respeitar a natureza e tudo o que o meio ambiente nos oferece. Para ele, a cidade de São Paulo não se preocupou em fazer, tanto em sua estrutura social quanto urbana, a correta utilização dos recursos hídricos disponíveis. “O homem precisa aprender a planejar o uso dos recursos, aprender a pagar pelo uso e aprender a usar melhor cada um dos que a natureza oferece e cuidar de maneira organizada, para mantê-los ao nosso alcance pelo máximo de tempo possível”, explica.
O homem precisar aprender a planejar, pagar e utilizar melhor os recursos que a natureza oferece
O arquiteto urbanista, por exemplo, vai trabalhar critérios de utilização de crescimento da cidade, que privilegiem os recursos da natureza. O engenheiro vai aprender a construir mais com menos. O geólogo vai criar situações de conhecimento da natureza para que o engenheiro e o arquiteto utilizem no seu dia a dia.
Diante disso, para solucionar o problema da crise de racionamento de água é necessário conhecimento para planejar e adequar o ambiente urbano às atividades humanas e, sobretudo, conscientização. Os profissionais da área da arquitetura e urbanismo, engenharia e geologia devem trabalhar juntos a fim de proporcionar o equilíbrio e a boa utilização dos recursos hídricos. O fato é que, não podemos colocar a culpa da crise hídrica vivida por São Paulo nas costas de São Pedro.
Publicitária por formação, escreve por vocação e canta por diversão. Ama música, livros e chocolate.
Jornal Matéria Prima é produzido por alunos do curso de Jornalismo do Centro Universitário Cesumar - UniCesumar - na disciplina Técnica de Reportagem.