


Professora e estilista Leny Pereira, de Cianorte, é a primeira paranaense a trabalhar com moda inclusiva no Estado
Luan Comitre
Aluno de Jornalismo
Leny em pé, de camiseta, exibe modelos que desenvolveu (Fotos/Arquivo particular/Leny Pereira)
Moda inclusiva tornou-se um dos diversos desafios do segmento, pois não depende só da beleza, mas visa também à estética funcional, sempre aliada à peça ergonomicamente projetada para todos os tipos de necessidade. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 10% da população é formada por pessoas com deficiência (PcD).
Em se tratando de moda, o que para muitos pode parecer simples, quando se pensa em inclusão, o trabalho torna-se desafiador. Pensando nisso a estilista e professora Leny Pereira, 38, de Cianorte (79,1 Km de Maringá), desenvolveu roupas para pessoas com deficiência física (paraplegia ou lesões múltiplas). As peças, confeccionadas pela estilista, vão desde roupas casuais até as mais formais como um vestido de noiva.
A estilista contou que desenvolver as peças para pessoas com deficiência física, não só eleva a autoestima, como também ajuda a promover os estudos da motricidade do corpo humano, por meio das técnicas de modelagem.
Confira os principais trechos da entrevista da entrevista que ela concedeu ao Jornal Matéria Prima.
Existem hoje aproximadamente 12 milhões de pessoas com deficiência no Brasil
A moda é muito abrangente e com diversos ramos. Entre todos, por que a senhora escolheu logo, moda inclusiva?
Em primeiro lugar foi pela demanda. Existem hoje aproximadamente 12 milhões de pessoas com deficiência no Brasil. E nesse mercado não existe uma moda específica para eles.
Não existem estudos mais aprofundados sobre esse tipo de moda. Isso a atraiu?
A inspiração surgiu na faculdade, quando participei de uma palestra de moda inclusiva com a professora Maria de Fátima Grave (São Paulo), especialista no assunto e uma das primeiras professoras e pesquisadoras a falar de moda inclusiva no Brasil. E o tema me chamou muito a atenção. A partir da palestra, eu comecei a pesquisar. Foi quando eu conheci um menino da Apae (Escola de educação especial) de Cianorte e a dificuldade dele, me sensibilizou bastante ai que eu comecei a desenvolver a coleção, inspirada nesse menino.
Durante todo esse tempo, a senhora já participou de concursos e ganhou prêmios. É uma realização?
Em 2008 comecei a pesquisa. Em 2009 inscrevi o projeto dentro de um concurso, da Amostra Inova Senai Paraná, de inovações, tanto de tecnologias como na área social. Fui premiada com a categoria produto inovador, na modalidade docente do Senai-PR. Tive a oportunidade de representar o Paraná no Rio de Janeiro em 2010, na fase nacional desse concurso.
A senhora é a primeira estilista a trabalhar com essa modalidade no Paraná. No ano passado também participou de alguns eventos pelo país, entre os quais o 9º colóquio de moda (6º edição internacional) em Fortaleza. Como é participar com o que pode ser considerado um marco na história da moda?
É uma alegria você estar à frente de uma discussão de vanguarda na moda. Temos muitos eventos relacionados à moda inclusiva no Brasil, mas no Paraná fui uma das primeiras a trazer para a sala de aula essa discussão. Eu acredito que a moda deve contribuir em todos os aspectos, não só no vestir, mas no bem estar das pessoas, principalmente das com deficiência. Hoje a moda inclusiva está bem divulgada pelo Brasil. Estivemos em Brasília na semana inclusiva do Senado em 2010, onde foi validada a moda inclusiva como produto. No colóquio de moda, apresentei um trabalho com base na experiência que a gente presenciou em Cianorte, com os alunos da Apae, no estudo de caso de como a roupa influência na autoestima de pessoas com deficiência, como isso impacta no tratamento, na recuperação. Como a pessoa reage estando vestida adequadamente.
Curioso e interessado, pronto para aprender tudo o que as pessoas têm para lhe ensinar.
Jornal Matéria Prima é produzido por alunos do curso de Jornalismo do Centro Universitário Cesumar - UniCesumar - na disciplina Técnica de Reportagem.