


Essa é a rotina que um grupo de voluntários pratica há dois anos: a de levar diversão e ajudar a curar pelo riso
Leticia Amadei
Aluna de Jornalismo
Integrantes do grupo Alegria Curativa realizam “exames” nos pacientes (Foto: Leticia Amadei)
Sábado, 15h30. Os médicos do grupo voluntário Alegria Curativa, chegam ao Hospital Santa Rita, região Central de Maringá. Logo no primeiro quarto começam a bateria de exames. Entre os equipamentos utilizados estão uma trena, usada para medir a pressão, e caso esteja alta, a assistente da doutora Pink, Luanne entra em ação rapidamente com uma bomba de encher bicicleta para “esvaziar” a pressão. Um ferro de passar roupas é usado para averiguar se o paciente está “passando” bem, uma seringa com o remédio “alegria” vem curar o paciente doente.
É exatamente assim, há dois anos, que o grupo Alegria Curativa, leva saúde e bem estar aos enfermos. Formados por voluntários da Igreja Presbiteriana Independente do jardim Liberdade, região leste de Maringá, o grupo nasceu em um acampamento. Atualmente contra com 24 integrantes que se revezam nas visitas ao hospital.
Decidi entrar no grupo porque tive uma pessoa da família internada e sentia falta de alegria
No artigo “Utilização da Risoterapia Durante a Hospitalização: Um Tema Sério e Eficaz” da acadêmica de enfermagem Patrícia Helena da Silva (2005), a risoterapia utiliza o ato de rir com o intuito de auxiliar na melhoria do estado emocional e orgânico das pessoas.
Entre os integrantes do grupo estão Luciana Theodorovicz Teschi, 40 anos, fonoaudióloga e professora de artes na rede pública de ensino, mais conhecida entre os pacientes como doutora Pink, e suas assistentes Larissa Viana da Silva, 19 anos, estudante de arquitetura, e Luanne Hurtado de Paulo, 15 anos, estudante do ensino médio.
“Decidi entrar no grupo porque tive uma pessoa da família internada e sentia falta de alegria. Também já tinha vontade [de fazer parte do grupo]“, explica Larissa Viana. Para Luanne, a motivação de continuar visitando vem dos próprios pacientes que acabam entrando na brincadeira. “É gratificante, pois eles dão o retorno necessário para o grupo.”
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Voluntários com vontade de mudar o mundo
As principais motivações para o voluntariado são a solidariedade e a possibilidade de conhecer outras realidades
Juliana Duenha
Aluna de Jornalismo
Trabalho voluntário significa colocar-se à disposição da sociedade, desejo de ajudar, prazer em se sentir útil. As pessoas que realizam esse trabalho, movidas pelo amor vivem em média quatro anos a mais do que as outras, segundo a pesquisa do americano Allan Luks, publicada no libro The Healing Power Doing Good (O Poder Curativo de Fazer o Bem). Ele explica que voluntário vivencia um poderoso sentimento de satisfação, resultado da diminuição do estresse e da liberação de endorfinas, que provocam sensação de felicidade.
Há pessoas que encontram no voluntariado a possibilidade de não só sonhar com um mundo melhor, mas de realmente tentar fazê-lo melhor. Como é o caso da estudante Aline Oliveira da Mata, 21, que faz parte de um grupo que promove visitas a abrigos de crianças e adolescentes que foram abandonados ou que a família não tem condição de sustentar. “Vamos pela tarde e levamos brincadeiras, dinâmicas e algumas coisas diferentes em relação a alimentos e tomamos café com eles. É uma forma de promover atividades diferentes, levando alegria para eles e para nós, que vamos também. Vejo que eles não só precisam do material, e sim do carinho e da atenção”, conta.
É uma forma de promover atividades diferentes, levando alegria para eles e para nós, que vamos também
Para a estudante Natália de Souza Araujo, 20, que faz visitas ao Asilo São Vicente de Paulo, as pessoas precisam muito mais do que bens materiais, precisam de amor e carinho. “Muitos foram abandonados pelas famílias. Assim que eles veem a gente chegando, vemos o olhar chega a brilhar de felicidade”, afirma.
Ao realizar o trabalho voluntário o individuo tem a oportunidade de vivenciar sérios problemas sociais e conviver com realidades muito diferente do que vive. “Foi uma experiência que cresci por aprender a acreditar nas pessoas e também em ir atrás do conhecimento. Acabei incentivando-os que é possível ter um futuro melhor, mesmo não tendo condições de vidas tão boas”. Relata Aline da Mata.”Aprendemos muito. Com cada um deles a gente compreende algo diferente. a alegria de viver, a força, é gratificante”, explica Natália Araujo.
Além de fazer o bem, o voluntariado pode ajudar na carreira. As empresas estão valorizando esse aspecto. “Pessoas que prestam esse tipo de serviço geralmente são pró-ativas, trabalham bem em equipe e tendem a ser mais flexíveis” diz a consultora de Recursos Humanos Camila Leal Bolzan Diniz. Para ela ser voluntário conta pontos a favor do candidato na entrevista de emprego.
Jornal Matéria Prima é produzido por alunos do curso de Jornalismo do Centro Universitário Cesumar - UniCesumar - na disciplina Técnica de Reportagem.