


Soou como uma sentença: "fratura grave na perna esquerda", e um ferro exposto um pouco abaixo do joelho até o pé
Victor Rossi
Aluno de Jornalismo
Mesmo temporária, a deficiência muda a vida de qualquer pessoa (Foto: Arquivo Pessoal/Victor Rossi)
É impressionante como a vida pode mudar em poucos minutos. Bastou um acidente e de repente chega o médico com a sentença: fratura grave na perna esquerda – e um ferro exposto que brota da perna, um pouco abaixo do joelho até o pé. Aí o doutor já completa: – Ah Victor, a partir de agora, andar só se for de muletas tá! Pode ir se preparando, você vai usar por um bom tempo! De maneira totalmente inesperada, passei a uma condição que nunca havia imaginado: a de uma pessoa com deficiência física, mesmo que no meu caso, seja algo temporário.
Fui obrigado a me adequar as circunstâncias e ter muita força de vontade
Quando chego a qualquer local, já começo a observar o piso, os espaços disponíveis, o banheiro. Pelo menos temos preferências nos lugares. Alguns hábitos antigos como utilizar escada, tomar banho em pé, levar o prato de comida na sala de TV foram esquecidos, mas a mudança que mais sinto falta atualmente é a de dormir de barriga para baixo.
Decidi testar minhas limitações e sentir os desafios que enfrentam um deficiente físico em um lugar bem público: o shopping. Por mais que tenha estacionado o carro na vaga de deficientes, ir ao shopping não foi uma boa ideia. Por causa da recuperação, todos ficam me olhando. Em alguns momentos, chega a ser cômico ver a cara das pessoas ao observar minha perna, principalmente às crianças. Entrei em uma loja de departamentos para tentar achar algumas bermudas. Nunca vi tanta coisa próxima das outras dentro da loja. Tive de ficar desviando de tudo e de todos. Imagine então o transtorno que seria de cadeira de rodas… Pelo menos o provador da loja combinava com a minha condição, já que a vendedora me deu o maior de lá, totalmente equipado, com uma cama, um baita espelho, parecia mais um quarto. Pior que isso foi ter de aguentar um inocente garotinho falando na fila do provador: – Mãe, olha que louco a perna dele. Os ferros estão fincados no osso! Claro que só pude rir né.
Em alguns momentos, chega a ser cômico ver a cara das pessoas ao observar minha perna
Mas se tem uma coisa que nunca imaginei passar agora que estou com essa limitação física foi ficar preso em um elevador. Pois é, isso aconteceu comigo no elevador da Faculdade. Foram exatos dois minutos de nervosismo, perna doendo e claro, muito xingamento. Só deu tempo de pensar: - Porra, quando não usava muleta, isso não acontecia comigo. Agora que estou assim, tinha de acontecer né!
É por essas e outras situações que uma simples limitação física, por mais breve que possa ocorrer, muda bastante a vida de qualquer pessoa, principalmente se ela não tiver muita paciência, como é o meu caso.
Fã dos esportes, encontrou no Jornalismo uma chance de conhecer o mundo e suas singelas histórias.
Jornal Matéria Prima é produzido por alunos do curso de Jornalismo do Centro Universitário Cesumar - UniCesumar - na disciplina Técnica de Reportagem.